Constipação
Tabela para consulta de medicação contra diarreia, de acordo com a dose, classe e observações sobre a droga
AVALIAÇÃO INICIAL
A correta avaliação do paciente constipado deve contemplar os seguintes aspectos:
Anamnese:
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Dor abdominal
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Tenesmo
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Náusea e vômito
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Anorexia
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Flatulência
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Cólica pós-prandial
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Histórico cirúrgico
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Retenção e incontinência urinária
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Epidemiologia para doença de Chagas
Exame físico e complementar:
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Exame físico: distensão abdominal, massa palpável, dor mediante palpação, toque retal ou estomal, presença dehalitose
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Exame complementar: raio-x abdominal, cálcio sérico, hemograma, glicemia, T4, TSH
São sinais de alerta para considerar colonoscopia:
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Enterorragia
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Dor intensa abdominal
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Perda de peso
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Anorexia
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Tenesmo
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Febre
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>50 anos
Além disso, deve-se avaliar:
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Hábito intestinal atual e comparar com o habitual do paciente (frequência, consistência, facilidade de passagem, tenesmo, sangramento)
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Se há o uso de laxativos prévios e se houve efetividade no alívio dos sintomas
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As possíveis causas de constipação:
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Medicação: opioides, AINEs, benzodiazepínicos, tricíclicos, anticonvulsivantes, ondansetrona, escopolamina, bloqueador de canais de cálcio
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Efeito secundário de outras doenças (exemplos: desidratação, imobilidade, ingesta reduzida, anorexia)
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Presença de tumor reduzindo a luz intestinal (internamente ou externamente ao intestino)
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Dano à medula espinhal, cauda equina ou nervos pélvicos
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Hipercalcemia
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Outras doenças (exemplos: diabetes, hipotireoidismo, doença diverticular, fístula intestinal, hemorroidas, doença de parkinson, hipocalemia, hérnia de parede abdominal, bridas pós-cirúrgicas, doença de Chagas)
MANEJO NÃO FARMACOLÓGICO
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Adicionar um banco para elevar os joelhos no momento da evacuação de fezes (facilita o relaxamento esfincteriano)
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Garantir uma boa ingesta de fluidos (dois litros por dia, se possível) e revisar a dieta
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Assegurar que o paciente tenha privacidade e acesso ao banheiro
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Reeducação do hábito intestinal - pacientes são estimulados a evacuar no mesmo horário e evitar inibir o desejo
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Ingestão de 30g/dia de fibras é recomendado de forma gradual para evitar o aumento do processo fermentativo com produção excessiva de gases, distensão e desconforto abdominal em pacientes com motilidade intestinal preservada e alta ingestão de fluidos (mais de dois litros por dia)
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Estimular atividade física
MANEJO FARMACOLÓGICO
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Todos os pacientes usando opioides devem receber prescrição de laxantes orais regularmente (estimulante - associado ou não a um emoliente - ou osmótico), exceto se houver contraindicação. Aumentar o consumo de fibras na dieta não é muito efetivo em pacientes que usam opioides
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Doses de medicação devem ser tituladas de acordo com a resposta do indivíduo
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O uso de laxativos orais é preferencial a outras vias de administração
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Deve-se estimular movimentação e dieta precocemente
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As preferências do paciente devem ser levadas em consideração
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Revisar dose de laxativo quando medicação opioide é iniciada ou dose é alterada
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Laxativos estimulantes não devem ser usados em pacientes com obstrução intestinal
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Tratamento com fibras vegetais e sintéticas são laxativos fracos e apenas funcionam em pacientes com motilidade intestinal preservada e grande ingestão de fluidos (mais de dois litros de água por dia). Além disso, podem provocar distensão abdominal e flatulências
Tratamento inicial

Tratamento Retal
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O uso de laxantes retais está indicado quando:
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Impactação fecal. Nesse caso, o tratamento é feito de acordo com o tipo de fezes. Se:
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Amolecidas: supositório de glicerina
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Endurecidas: enema glicerinado
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Constipação que não responde adequadamente aos laxantes orais
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Pacientes que não toleram laxantes orais
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Para o esvaziamento retal em pacientes com compressão da medula espinal
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Paciente paraplégico ou restrito ao leito
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Ajuste a dose de laxativo para manter fezes firmes, mas não endurecidas
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Use intervenções retais no intervalo de um a três dias para evitar possíveis impactos que possam resultar em incontinência fecal, fissuras anais ou ambos
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Atenção: não aplique medicação retal se o reto estiver distendido e vazio
Constipação severa por opioides
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Uma opção para tratamento de constipação severa quando comprovadamente causada por opioides é o uso de Metilnaltrexone na dose de 0,15 mg/kg SC
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O Metilnaltrexone é um antagonista ao opioide (antagonista µ) sem efeito central – ou seja, não interfere na analgesia e não provoca crise de abstinência – e tem efeito rápido (até quatro horas, mas normalmente tem efeito em até trinta minutos)
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Devido à ação rápida do Metilnaltrexone, assegure que o paciente tenha acesso facilitado ao banheiro no momento da aplicação
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Apesar de sua imensa utilidade, o Metilnaltrexone não se encontra disponível para venda em território brasileiro
